Ministro tratou como 'indigna' a condição dos que se abrigam em lonas.
Ele anunciou 4,4 bi em crédito rural para agricultores familiares de MG.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, disse, nesta quarta-feira (19), que o governo federal tem a meta de retirar 130 mil famílias dos acampamentos de lona no Brasil até o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff. Ele tratou como "indigna" a condição dessas pessoas. Nesta manhã, o chefe da pasta anunciou, em Belo Horizonte, R$ 4,4 bilhões em crédito rural para agricultores familiares mineiros.
"[A presidente Dilma] determinou que nós levássemos a ela uma proposta de reforma agrária. Esse plano já está nas mãos dela. Nós trabalhamos com horizontes de três anos e meio, até o final do mandato, e o nosso grande objetivo é assentarmos em condições dignas as famílias que hoje estão acampadas no Brasil", afirmou o ministro em entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), após o lançamento do Plano Safra 2015/2016 para o estado.
De acordo com Patrus Ananias, desde que chegou ao ministério, 10 mil famílias foram assentadas no país. "O nosso olhar para o futuro é que, no final do governo da presidenta Dilma, não tenha mais nenhuma criança, não tenha mais nenhum jovem, não tenha mais nenhuma família morando debaixo da lona no Brasil", disse.
Ministro rebateu críticas
Durante discurso, o ministro Patrus Ananias criticou o clima pessimista em torno do governo da presidente Dilma Rousseff. "Nós precisamos nos contrapor a este sentimento, porque por trás dele está, na verdade, uma tentativa de nos humilhar, de baixar a nossa auto-estima, de voltar aquele sentimento ruim, negativo, que o escritor Nelson Rodrigues chamou de 'complexo de vira-lata'. O povo brasileiro não é vira-lata", disse.
Ele afirmou que os brasileiros estão vivendo uma "caminha histórica" e destacou a importância de programas sociais na melhora da qualidade de vida de comunidades rurais. "O que está garantindo essas pessoas, essas famílias, comunidades, inclusive nos assentamentos, são os programas sociais que nós implantamos no Brasil a partir do governo do presidente Lula", afirmou.
Recursos para Minas Gerais
O governo federal destinou R$ 4,4 bilhões em crédito rural para a agricultura familiar de MinasGerais. Segundo o ministério, o recurso é para custeio e investimento das pequenas propriedades rurais mineiras e teve um aumento de 57% em relação ao contratado na safra passada. Em Minas, o governo afirma que 401,8 mil agricultores familiares têm acesso ao crédito rural, com juros abaixo da inflação.
O investimento no estado faz parte de um pacote de recursos anunciados em junho, que oferececrédito de R$ 28,9 bilhões para apoiar os pequenos produtores no país.
Antes da chegada do ministro, integrantes do Movimento Sem-Terra (MST) estavam concentrados no pátio da Assembleia, acampados em barracas. Eles participaram, nesta terça-feira (18), de uma caminhada até a Cidade Administrativa e depois se reuniram com representantes de secretarias do governo estadual. De lá, seguiram para a assembleia.
Silvio Netto, da coordenação estadual do MST, cobrou ações concretas para os assentamentos no estado. “Existe um passivo em Minas Gerais de falta de infraestrutura no campo, no que se refere ao acesso à água, o acesso à energia elétrica, estradas de qualidade. Também existe um passivo muito grande no campo da possibilidade da agricultura familiar e camponesa e dos assentamentos de reforma agrária terem qualidade na sua produção. Isso envolve assistência técnica, fortalecimento das cooperativas, agroindústria e o Plano Safra”, afirmou. Segundo ele, 12 mil famílias vivem em acampamentos ou assentamentos no estado.
Antes do anúncio do investimento, houve manifestação de fiscais agropecuários no plenário. Segundo os trabalhadores, a categoria está em greve, o que comprometeria a fiscalização de produtos de origem animal e vegetal destinados ao consumo.